Surpreendentemente, as autoridades da China suspenderam suas aquisições de ouro. Mas o que motivou o maior comprador mundial do metal precioso a adotar essa postura?
Dados oficiais divulgados em 7 de novembro fornecem pistas sobre essa decisão inesperada: o Banco Popular da China (PBOC) está há seis meses sem adicionar ouro às suas reservas. Enquanto isso, outros grandes bancos centrais seguem acumulando o metal em ritmo acelerado.
No final de outubro, o estoque de ouro da China permaneceu em 72,8 milhões de onças troy, e o valor desse ativo subiu de US$ 191,47 bilhões em setembro para os atuais US$ 199,06 bilhões.
Estima-se que o ouro tenha se valorizado em quase 33% em 2024, marcando o maior ganho anual desde 1979. Esse aumento é impulsionado por vários fatores: o início do corte de juros pelo Federal Reserve, tensões geopolíticas – como o conflito na Ucrânia e as disputas comerciais entre EUA e China – e a forte demanda dos bancos centrais.
O World Gold Council projeta que as compras de ouro pelos bancos centrais globais podem desacelerar até o final deste ano. Um dos motivos é a pausa nas aquisições do PBOC, que interrompeu uma sequência de 18 meses de compras contínuas em maio.
A China completou mais um mês sem novas aquisições, o que sugere que o banco central pode estar aguardando uma correção nos preços para reabastecer suas reservas. "Caso as autoridades chinesas implementem novos estímulos fiscais, isso pode reacender o apetite do PBOC por ouro, criando novas movimentações no mercado internacional", observou Nitesh Shah, estrategista da WisdomTree.
Curiosamente, o ouro representava 5,7% das reservas totais do PBOC até o final de outubro, acima dos 4,9% de abril. Essa pausa levanta questões: o PBOC está apenas esperando um preço mais vantajoso? Ou essa mudança sinaliza uma nova estratégia em sua política de ativos?
Independentemente da motivação, a pausa da China nas aquisições de ouro já está influenciando o mercado global, trazendo incertezas sobre o futuro da demanda pelo metal precioso.
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