O par de moedas EUR/USD atingiu o nível 1,10 ontem, reagindo aos resultados da reunião de dezembro do Banco Central Europeu (BCE). A divergência na política monetária entre o BCE e o Federal Reserve favorece os compradores do EUR/USD, embora apenas há alguns meses esse fator tenha exercido uma pressão significativa sobre o par.
Recentemente, o Federal Reserve (Fed) adotou uma postura hawkish, demonstrando uma inclinação para políticas mais restritivas, considerando possíveis aumentos nas taxas de juros. Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) adotou uma abordagem mais cautelosa, indicando que manteria as taxas no nível atual ou talvez até mais baixas. Ao analisarmos o gráfico mensal do EUR/USD, notamos uma queda significativa do par, iniciada em agosto, quando caiu de 1,1062 para 1,0449 em outubro. No entanto, houve uma mudança gradual no cenário fundamental no final do outono, especialmente devido à desaceleração da inflação nos Estados Unidos.
Todos os indicadores de inflação de outubro e novembro ficaram na 'zona vermelha' ou alinhados com as previsões, evidenciando uma diminuição da inflação. Isso levou o mercado a especular sobre uma possível mudança para uma política monetária mais flexível pelo Federal Reserve no início do próximo ano. Contudo, até a reunião de dezembro, havia incerteza, pois a inflação ainda estava consideravelmente abaixo da meta de 2%. Os membros do Fed optaram pelo cenário mais dovish, indicando um potencial corte de 75 pontos-base na taxa no próximo ano, conforme refletido no gráfico de projeções atualizado.
Vale ressaltar que a inflação na zona do euro também está em queda - por exemplo, todos os indicadores do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de novembro estavam na 'zona vermelha'. No entanto, o BCE adotou uma postura mais assertiva, sugerindo que a inflação poderia acelerar novamente em breve.
Antes da reunião de dezembro, muitos especialistas previram uma possível mudança na retórica do BCE em relação à política monetária futura. Na comunidade de especialistas, havia a opinião recorrente de que o primeiro corte nas taxas de juros poderia ocorrer 'antes do verão de 2024'.
Essa confiança fortaleceu os compradores do EUR/USD, uma vez que a presidente do BCE, Christine Lagarde, refutou essas intenções do órgão regulador. Ela afirmou que não houve discussões sobre flexibilização da política monetária na reunião de dezembro. Além disso, declarou que as taxas de juros permanecerão no nível atual 'pelo menos no primeiro semestre do próximo ano', adiando, assim, qualquer conversa sobre mudanças na política monetária para o futuro.
O regulador indicou considerar o histórico acumulado de aperto da política monetária, reconhecendo os efeitos defasados dessas decisões anteriores sobre a economia da zona do euro. Em sua declaração, o banco central também afirmou que, embora o crescimento econômico permaneça suprimido no curto prazo, espera-se uma recuperação devido ao crescimento da renda real.
De acordo com as projeções atualizadas, o ritmo de crescimento econômico deve aumentar de uma média de 0,6% em 2023 para 0,8% em 2024 e para 1,5% em 2025 e 2026. Quanto à inflação, o órgão regulador aponta para uma gradual diminuição ao longo do próximo ano, com a expectativa de atingir a meta de 2% apenas em 2025.
Após a reunião, Madis Muller, membro do Conselho do Banco Central Europeu, confirmou que não há planos imediatos de considerar flexibilizações na política monetária. Ele ressaltou ser cedo para falar sobre cortes nas taxas ou comemorar uma vitória sobre a inflação. Muller reiterou a mensagem chave da reunião de dezembro, enfatizando que o caminho para alcançar a meta de inflação é 'rochoso, acidentado e, o mais importante, bastante longo'.
Em resumo, a divergência das políticas monetárias entre o BCE e o Federal Reserve está favorecendo os compradores do EUR/USD. O declínio nos preços hoje pode ser atribuído ao 'efeito sexta-feira' e aos PMIs vermelhos. Por exemplo, o índice de atividade comercial do setor de serviços alemão caiu para 48,4 pontos, quando a previsão era de um aumento para 49,9 (apesar do índice de atividade do setor industrial ter subido para 43,1, após uma queda em novembro para 42,6).
Contudo, considerando o panorama fundamental, ainda não é prudente confiar totalmente em movimentos de baixa nos preços. Geralmente, após impulsos de alta, há uma correção descendente (e vice-versa), que é o que estamos observando atualmente. Tanto os fundamentos quanto os aspectos técnicos favorecem as posições de compra. No gráfico diário, o par está posicionado entre as linhas média e superior das Bandas de Bollinger, além de se manter acima de todas as linhas do indicador Ichimoku, indicando um viés altista do 'Desfile de Linhas'. O objetivo inicial, até agora o principal alvo do movimento ascendente, é o nível 1,1030, correspondente à linha superior das Bandas de Bollinger no período D1.