O acordo firmado entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, no sábado, não resultará em uma mudança importante nas finanças do país, pois afeta principalmente uma parte do orçamento conhecida como gastos discricionários, aqueles gastos que não são considerados essenciais ou obrigatórios para as necessidades básicas de um indivíduo ou família. Isso limitará os gastos com determinados serviços do governo federal, mas não reduzirá significativamente o déficit orçamentário geral projetado para cerca de US$ 20 trilhões na próxima década.
O acordo restringe os gastos não relacionados à defesa, que constituem uma parte relativamente pequena do orçamento total, mas incluem verbas para o meio ambiente, pesquisa científica, o Departamento de Justiça e outros. Com uma taxa de inflação anual de 5%, não haverá dinheiro suficiente no próximo ano para manter os mesmos serviços fora das áreas de segurança nacional.Mesmo na defesa, alguns cortes seletivos serão feitos, pois o aumento de 3,3% acordado pela Casa Branca e pelos representantes republicanos fica abaixo do nível da inflação.
O acordo não afeta a maioria dos programas de crescimento rápido, como o Medicare, a Previdência Social ou o Medicaid, que constituem uma parte significativa do orçamento.
Os índices do mercado de ações reagiram positivamente ao acordo, enquanto o índice do dólar, que se fortaleceu na expectativa de um possível calote nos EUA, mostrou sinais de desaceleração.
A equipe de Biden concordou em cortar US$ 21 bilhões ao longo de dez anos da aplicação do IRS e US$ 28 bilhões dos gastos anteriores com a COVID, o que, de acordo com a Casa Branca, ajudará a evitar que as agências internas praticamente congelem os gastos no próximo ano. Isso representa um compromisso, pois os republicanos da Câmara tentaram revogar todos os gastos não obrigatórios com assistência à COVID e a maior parte dos US$ 80 bilhões alocados ao IRS na Lei de Redução da Inflação de Biden.
Em suma, o acordo evitará um calote, mas reduzirá apenas marginalmente os gastos e os empréstimos em geral. Ele também pode aliviar a pressão inflacionária ao desacelerar o crescimento econômico.