Eventos significativos estão moldando as relações entre a União Europeia e os Estados Unidos. A tensão aumentou a ponto de líderes da UE proporem “atingir o Vale do Silício com uma bazuca”, sinalizando possíveis retaliações de grande impacto. Diante disso, investidores se preparam para uma possível reviravolta no cenário econômico.
Segundo o Financial Times (FT), a resposta da UE às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump pode focar em empresas de alta tecnologia dos EUA. Caso a Casa Branca avance com suas ameaças tarifárias contra o bloco europeu, a UE poderá não ter alternativa senão retaliar os gigantes do Vale do Silício.
Para isso, as autoridades europeias consideram acionar o Anti-Coercion Instrument (ACI), mecanismo criado para combater práticas de coerção econômica por parte de outros países. Apelidado de “bazuca” devido ao seu potencial de impacto, o ACI prevê medidas de retaliação severas, com foco inicial em grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
O FT destaca que o ACI é uma das ferramentas de defesa comercial mais poderosas da UE, embora esteja em plena conformidade com o direito internacional. Desenvolvido durante o primeiro mandato de Trump, o instrumento visa proteger o bloco de práticas de chantagem econômica. Se for determinado que um país está usando tarifas como forma de coerção, a Comissão Europeia poderá adotar contramedidas rigorosas.
O ACI permite a imposição de diversas sanções, incluindo a revogação de proteções de propriedade intelectual para empresas americanas, restrições a investimentos estrangeiros diretos (IED) dos EUA na Europa e limitações ao acesso de bancos, seguradoras e instituições financeiras norte-americanas ao mercado europeu.
Altos representantes da UE demonstram amplo apoio à utilização do ACI contra os Estados Unidos. O ministro do Comércio da França, Laurent Saint-Martin, destacou a importância de uma resposta rápida e coordenada, afirmando que a velocidade é uma vantagem para o bloco e que a UE precisa agir com mais agilidade do que na ocasião anterior. Ele também ressaltou que, além da rapidez, a unidade entre os países-membros é fundamental.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que Bruxelas já se preparou para possíveis tarifas dos EUA sobre produtos europeus. Embora o bloco permaneça aberto ao diálogo, a UE está determinada a adotar uma estratégia pragmática para proteger seus interesses econômicos.