Fortes dados do NFP dos EUA sugerem outro corte nas taxas em dezembro

Os dados mais recentes de emprego nos EUA trouxeram surpresas ao mercado financeiro, com um aumento inesperado na criação de vagas, levantando questões sobre os próximos passos do Federal Reserve. As folhas de pagamento não-agrícolas (NFPs, na sigla em inglês), que medem a criação de empregos fora do setor agrícola, são amplamente acompanhadas como um indicador-chave da saúde econômica e das possíveis decisões de política monetária.

De acordo com o Bureau of Labor Statistics, os setores público e privado dos EUA criaram 227.000 empregos em novembro, um avanço notável em comparação com os 36.000 registrados em outubro, após revisão. Contudo, a taxa de desemprego subiu para 4,2%, alinhada às expectativas do mercado. Este aumento foi impulsionado por uma redução na taxa de participação da força de trabalho e um declínio na oferta de mão de obra. Uma métrica mais ampla, conhecida como taxa U-6, que considera desempregados, subempregados e trabalhadores desmotivados, também subiu para 7,8%.

No lado positivo, os salários continuaram a crescer, trazendo alívio para os trabalhadores. Os ganhos médios por hora aumentaram 0,4% no mês e 4% no acumulado de 12 meses, superando as expectativas dos analistas em 0,1 ponto percentual em ambas as comparações.

A divulgação dos dados provocou reações imediatas nos mercados financeiros. Os futuros do mercado de ações avançaram, impulsionados principalmente por setores sensíveis a taxas de juros, como tecnologia e consumo discricionário. Já os rendimentos dos títulos do Tesouro registraram queda, refletindo apostas em cortes futuros nas taxas de juros. O dólar americano também recuou, com seu índice atingindo 105,42 — o nível mais baixo em um mês. Apesar da reação inicial negativa, o índice recuperou parte das perdas, encerrando o dia em 105,61.

O relatório reforçou as expectativas de um corte adicional na taxa de juros pelo Federal Reserve em dezembro. Segundo uma pesquisa, 88% dos analistas acreditam nessa possibilidade, o que aumenta a pressão sobre a moeda norte-americana.

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, destacou recentemente que a força da economia permite uma abordagem paciente na definição das taxas de juros. Outros membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) demonstraram flexibilidade, indicando que ajustes futuros dependerão de indicadores como inflação e emprego.

Com os mercados já precificando um corte nas taxas e o Federal Reserve atento aos dados econômicos, as próximas semanas prometem ser cruciais para definir o rumo da economia americana e do dólar. Esse contexto, aliado à incerteza global, manterá investidores ao redor do mundo em estado de alerta, avaliando riscos e oportunidades nos diferentes mercados.