FMI alerta autoridades turcas sobre novo aumento do piso salarial e aconselha foco em apoio direcionado

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou as autoridades turcas sobre os riscos de um novo aumento do piso salarial, recomendando medidas mais direcionadas para apoiar os segmentos mais vulneráveis da população. De acordo com Jim Walsh, chefe da missão do FMI na Turquia, o ajuste anterior contribuiu para uma alta na inflação. Assim, é essencial mitigar essas consequências e adotar uma postura cautelosa.

Em vez de um novo reajuste, Walsh sugere o foco em programas sociais específicos, como transferências de renda e assistência governamental, que possam oferecer suporte direto às famílias de baixa renda. Ele também avalia que é prematuro discutir a redução das taxas de juros, considerando que a inflação na Turquia permanece bem acima da meta de 2%.

Dada a experiência com o aumento de janeiro, que impulsionou a inflação no início do ano, Walsh enfatiza a necessidade de cautela. Espera-se que o governo decida sobre o novo valor do piso salarial até dezembro, com o anúncio previsto para o início de 2025. Em janeiro de 2024, o salário mínimo foi reajustado em 49%, o que intensificou a inflação no primeiro trimestre. Walsh observou que, com base na experiência de diversos países com inflação elevada, definir salários em nível nacional torna-se uma âncora significativa para as expectativas de inflação.

Após o recente reajuste, a Turquia experimentou um aumento acentuado na inflação, que atingiu um pico de 75% em maio de 2024. Contudo, o índice de preços ao consumidor desacelerou, caindo para 49,4% em setembro, abaixo da taxa de referência do banco central de 50%.

Para estabilizar a situação, especialistas recomendam que o governo turco priorize programas sociais voltados às famílias de baixa renda, uma vez que transferências de renda e assistência direta podem ajudar a aumentar a renda dos trabalhadores com salários baixos.

O banco central, por sua vez, manteve as taxas de juros inalteradas em outubro, citando a “incerteza” trazida pelos dados recentes de inflação. Especialistas interpretam essa decisão como um sinal hawkish, indicando que o afrouxamento monetário não deverá acontecer antes de 2025. Com o novo ano se aproximando, as autoridades enfrentam o desafio de equilibrar crescimento econômico e estabilidade financeira, essenciais para uma recuperação sustentável no país.