Uma ameaça iminente paira sobre a economia europeia, alerta Mario Draghi. O ex-presidente do Banco Central Europeu teme que o bloco possa entrar em uma “lenta agonia” e pede às autoridades que tomem medidas imediatas para evitar esse desfecho.
Draghi enfatizou que os líderes europeus devem implementar um conjunto abrangente de ações para impulsionar o crescimento econômico e estabilizar a região. Em um relatório apresentado à Comissão Europeia, o ex-chefe do BCE avaliou a competitividade dos países da UE e destacou a necessidade de decisões rápidas para acompanhar o ritmo econômico dos concorrentes. Ele advertiu que, se não houver ação imediata, a economia poderá enfrentar uma "lenta agonia".
Segundo o ex-ministro da Itália, a Europa poderá encarar um “desafio existencial” até 2040, já que a projeção aponta para uma redução de 2 milhões de pessoas por ano na força de trabalho. Isso exigirá um aumento significativo da produtividade nos países membros da UE. No entanto, alcançar esse cenário será uma tarefa árdua. Draghi afirmou que, em última análise, os países europeus terão de fazer escolhas difíceis. Ele observou que não será possível que a Europa se torne, ao mesmo tempo, uma líder em novas tecnologias, um exemplo de responsabilidade climática e um ator independente no cenário global. Draghi também destacou que os preços do gás natural na Europa são atualmente quatro a cinco vezes mais altos do que nos Estados Unidos, e os custos da eletricidade são duas a três vezes maiores. Nesse contexto, a Europa carece de recursos para sustentar o crescimento, o que contribuiu para uma desaceleração significativa do impulso econômico da região.
Entre abril e junho de 2024, o PIB da zona do euro cresceu apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior, abaixo dos 0,3% registrados no período anterior e inferior ao aumento observado no quarto trimestre de 2023. Enquanto isso, os mercados agora aguardam cortes nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu. Com a estabilização da inflação, investidores e analistas esperam uma maior flexibilização da política monetária por parte do BCE para apoiar a frágil recuperação da região.