Às vezes, os analistas chegam a conclusões que parecem contradizer o senso comum ou a lógica. Segundo a Bloomberg, economias desenvolvidas, como os EUA e os países da UE, poderiam evitar uma recessão e começar a reduzir as taxas de juros sem grandes problemas, caso o preço global do petróleo caísse para US$ 60 por barril. Mas será que isso faz sentido?
Esse cenário é realista, considerando as tendências atuais do mercado de petróleo? Na terça-feira, 10 de setembro, os futuros do petróleo Brent caíram abaixo de US$ 70 por barril pela primeira vez desde 2021, e os participantes do mercado esperam que essa tendência de queda se intensifique.
Nesse contexto, o BCE poderia se arriscar em um segundo corte nas taxas de juros, enquanto o Federal Reserve poderia iniciar um ciclo de flexibilização já na próxima semana. Analistas apontam que as previsões revisadas do preço do petróleo fortalecem a decisão dos reguladores de seguir adiante com essas medidas.
Especialistas do JPMorgan e do Citigroup preveem uma tendência de queda no mercado de petróleo até 2025. A combinação da desaceleração da economia global com o aumento da oferta de commodities é um fator relevante nesse cenário. Uma queda no preço do petróleo para US$ 60 por barril beneficiaria as economias dos EUA e da Europa. Ajustado pela inflação, o petróleo bruto está sendo negociado em níveis semelhantes aos de 20 anos atrás, quando a demanda da China por produtos petrolíferos começava a crescer.
Embora os benefícios para as economias desenvolvidas possam não ser imediatos, os analistas acreditam que muitas famílias sentirão os efeitos de uma inflação mais baixa, o que pode aumentar a renda real e estimular o consumo.
Para lidar com a queda contínua dos preços do petróleo, a OPEP e seus aliados recentemente enfrentaram dificuldades em chegar a um consenso sobre uma estratégia. A decisão de aumentar as cotas de produção foi adiada por dois meses após o anúncio. Até o momento, a situação permanece incerta, e os membros do pacto ainda não sabem quais ações tomarão. O principal obstáculo do cartel é o aumento das taxas de produção de petróleo fora da OPEP, o que pode reduzir sua participação no mercado de hidrocarbonetos.