A moeda europeia enfrentou obstáculos em sua trajetória de alta após o discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) ontem.
"A economia da zona do euro está lidando com choques excepcionais decorrentes de desafios no comércio, na defesa e no clima, o que pode aumentar a volatilidade da inflação e elevar o risco de um crescimento mais persistente dos preços", afirmou a presidente do BCE, Christine Lagarde, na quarta-feira.
Esses fatores dificultam que o BCE sinalize claramente suas intenções de política monetária, tornando ainda mais crucial o compromisso do banco com sua meta de inflação de 2% e a definição de uma estratégia para responder a diferentes choques econômicos.
Desde junho do ano passado, o BCE reduziu as taxas de juros seis vezes, mas, na semana passada, evitou fornecer qualquer orientação clara sobre os próximos passos da política monetária, deixando os mercados incertos sobre a possibilidade de um período de maior instabilidade. Essa incerteza é agravada pelo desafio da administração Trump à cooperação internacional estabelecida.
"Nossas expectativas foram, de fato, abaladas nos últimos anos, especialmente nas últimas semanas", observou Lagarde. "Testemunhamos decisões políticas que teriam sido inimagináveis há apenas alguns meses."
O enfraquecimento das relações comerciais tende a gerar mudanças de preços amplas e disruptivas. Além disso, gastos adicionais com defesa e infraestrutura podem pressionar a inflação. No entanto, Lagarde reconheceu que alguns desses choques podem se compensar, reduzindo o impacto inflacionário.
A questão central para o BCE é que a inflação reage de forma desproporcional a choques mais significativos, tornando-a potencialmente mais persistente. Economistas do BCE alertam que essa resposta assimétrica dos preços, aliada aos atuais mecanismos de definição de salários, pode criar pressões inflacionárias prolongadas.
"Se a precificação impulsionada pelo Estado se tornar a norma, a economia regional enfrentará choques severos", afirmou Lagarde. "Choques significativos acelerarão a inflação, e os salários terão que se ajustar gradualmente aos preços."
Lagarde não apresentou soluções concretas, mas enfatizou que o BCE precisa estabelecer claramente seus limites de atuação.
"O BCE não pode prometer manter a inflação exatamente em 2% o tempo todo, nem fornecer uma orientação explícita sobre sua política futura. No entanto, deve adotar medidas que garantam a convergência da inflação para a meta no médio prazo", explicou.
Apesar da relevância do discurso, seu impacto imediato no mercado cambial, especialmente no euro, foi limitado.
Perspectiva técnica para o EUR/USDNo momento, os compradores do EUR/USD precisam superar o nível de 1,0930 para tentar testar o nível de 1,0970. Um novo aumento para 1,1010 é possível, mas será um desafio sem o apoio dos principais participantes do mercado. O alvo mais distante seria 1,1050.
Em caso de queda, espera-se um forte interesse de compra em torno de 1,0870. Se não houver demanda significativa nesse nível, uma correção mais profunda em direção a 1,0840 ou até mesmo 1,0800 poderá abrir novas oportunidades de compra.
Perspectiva técnica para o GBP/USDPara o GBP/USD, os compradores precisam romper a resistência mais próxima, em 1,2960, para atingir 1,3010, onde será difícil avançar mais. O alvo mais ambiciosa seria 1,3040.
Se o par se mover para baixo, os ursos tentarão recuperar o controle em 1,2940. Um rompimento bem-sucedido dessa área seria um golpe importante para os touros, empurrando o GBP/USD para 1,2915, com um movimento potencial para 1,2875.