O dólar divide e conquista

Melhor juntos do que sozinhos? A situação atual da zona do euro levanta dúvidas sobre essa ideia. Enquanto a Alemanha enfrenta dificuldades econômicas, a Espanha prospera, impulsionada pela migração e por um boom turístico no período pós-pandemia. O banco central espanhol revisou suas projeções de crescimento do PIB, elevando-as de 2,8% para 3,1% em 2024 e de 2,2% para 2,5% em 2025. Madri está contribuindo para aliviar a pressão sobre Berlim, mas será isso suficiente para sustentar o EUR/USD?

Tendências e previsões do PIB da Espanha

O relatório do Instituto IFO da Alemanha aumentou a preocupação dos investidores, destacando um voto de desconfiança no governo de Olaf Scholz e a avaliação pessimista do Bundesbank sobre a economia alemã, que já enfrenta riscos de recessão. O índice de expectativas das empresas ficou abaixo das previsões de todos os especialistas consultados pela Bloomberg. Além disso, o PIB da Alemanha continua em declínio acelerado.

Para agravar o cenário, as tarifas propostas por Donald Trump podem intensificar ainda mais as dificuldades econômicas, levando a situação a um ponto crítico. Nesse contexto, uma eventual paridade entre o euro e o dólar americano não seria surpreendente.

A zona do euro enfrenta a necessidade urgente de uma solução, e a flexibilização da política monetária desponta como a alternativa mais lógica. Segundo Christine Lagarde e Olli Rehn, a trajetória para redução da taxa básica de juros está bem delineada. Contudo, o ritmo e a magnitude desses cortes serão definidos com base nos dados econômicos avaliados em cada reunião do Banco Central Europeu (BCE).

Dinâmica das expectativas comerciais alemãs (IFO)

Especialistas da Bloomberg projetam que o Banco Central Europeu (BCE) reduzirá a taxa de depósito de 3% para 2% em 2025, enquanto o mercado de futuros sugere uma redução ainda mais acentuada, para 1,75%. Em contraste, a maioria dos analistas consultados pelo Financial Times estima que a taxa de fundos federais dos EUA terminará 2025 em uma faixa entre 3,5% e 4,0%. Isso ampliaria a diferença entre os custos de financiamento nos EUA e na zona do euro de 150 para 200-225 pontos-base no próximo ano. Vale lembrar que um aumento de 100 pontos-base em 2024 resultou em uma desvalorização de 5% no EUR/USD.

No curto prazo, o desempenho do principal par de moedas dependerá das decisões do Federal Reserve (Fed). Espera-se um corte de 25 pontos-base na taxa, levando-a a 4,5%. Contudo, as previsões do FOMC permanecem incertas. Em setembro, o Fed projetava quatro cortes de juros até o final de 2025, mas esse cenário agora parece excessivamente otimista. É provável que as estimativas sejam ajustadas para reduções mais modestas, entre 25 e 50 pontos-base, o que pode fortalecer o dólar norte-americano em relação às principais moedas globais.

Dessa forma, o euro enfrenta uma situação desafiadora. Além da pressão interna, especialmente proveniente da Alemanha e da França, a moeda regional também enfrenta ventos contrários vindos dos Estados Unidos. Embora ainda se mantenha estável, surge a pergunta: quando essas forças finalmente derrubarão o EUR/USD?

Tecnicamente, o gráfico diário do par indica uma consolidação persistente. Para ativar o padrão de reversão "Cunha Ampliada", seria necessário um rompimento acima da resistência em 1,0615, algo que, no momento, parece improvável. Por outro lado, uma queda do EUR/USD abaixo do limite inferior da faixa de valor justo, entre 1,0480 e 1,0580, e da mínima local em 1,0455, poderia funcionar como um sinal de venda.