Os resultados da reunião de julho do BCE não agradaram aos compradores do EUR/USD. O preço deu uma reviravolta de 180 graus e foi em direção ao nível de suporte em torno de 1,0900, embora hoje cedo o par tenha alcançado 1,0942. O que o Banco Central Europeu fez para provocar essa reação no mercado?"
Primeiramente, é importante observar que o declínio do par não se deve tanto ao enfraquecimento do euro, mas sim ao fortalecimento inesperado do dólar americano. O regulador europeu adotou uma posição moderada e equilibrada, sem viés claro para os "doves" ou "hawks". Em grande parte, o euro tornou-se vítima das altas expectativas do mercado em relação aos dados contraditórios sobre o crescimento da inflação na Zona Euro e às declarações anteriores dos representantes do BCE. A reação do EUR/USD sugere que os traders estavam preparados para uma postura mais rígida, mas receberam declarações gerais que mantêm a possibilidade de uma postura de espera, sem descartar um corte de taxa já no início do outono.
Os resultados formais da reunião de julho corresponderam às expectativas da maioria dos especialistas. O BCE manteve todos os parâmetros da política monetária inalterados. No comunicado que acompanha a decisão, o Banco Central indicou que continuará a avaliar os dados recebidos e a tomar decisões reunião por reunião, sem uma trajetória pré-determinada para cortes de taxa. O BCE reafirmou que manterá as taxas "pelo tempo necessário para alcançar a meta de inflação."
Resumindo, as formulações não diferem significativamente do texto da reunião anterior em junho.
Na conferência de imprensa, Christine Lagarde deixou mais perguntas do que respostas. A presidente do BCE evitou comentar sobre eventos políticos, como a reeleição de Ursula von der Leyen como chefe da Comissão Europeia e as eleições nos EUA, limitando-se a afirmar que o BCE monitorará os desenvolvimentos de perto.
Quando questionada diretamente sobre a possibilidade de um corte de taxa em setembro, sua resposta foi ambígua: "Qualquer decisão pode ser tomada em setembro." Em uma resposta posterior, ela mencionou que a questão permanece aberta e dependerá dos dados econômicos recebidos.
Lagarde também comentou sobre o relatório de crescimento do IPC de junho na Zona Euro, destacando a pressão ascendente dos preços no setor de serviços, com a inflação em 4,1%. Ela também mencionou uma desaceleração no ritmo de crescimento dos salários.
É importante notar que o mercado avalia positivamente as chances de um corte de taxa em setembro. Ontem, a probabilidade estimada de tal movimento era de aproximadamente 75-80%. Os participantes do mercado continuam confiantes de que o BCE continuará a reduzir as taxas no início do outono, embora Lagarde não tenha confirmado nem negado isso, condicionando a decisão aos dados econômicos de julho e agosto.
Como mencionado anteriormente, o par EUR/USD está em declínio não tanto devido ao enfraquecimento do euro, mas devido ao fortalecimento do dólar. O dólar fortaleceu sua posição devido ao crescimento inesperadamente robusto do índice de atividade industrial na área da Filadélfia (que subiu para 13,9, superando a previsão de 2,7) e aos eventos políticos nos EUA.
O mercado está cada vez mais envolvido na corrida presidencial americana, reagindo aos eventos cruciais deste ciclo eleitoral. Após os debates desfavoráveis para Joe Biden e o recente incidente envolvendo Donald Trump, as chances deste último na eleição aumentaram significativamente. Isso é visto positivamente pelos adeptos do dólar, que estabeleceram uma conexão direta entre Trump e o fortalecimento da moeda americana, considerando possíveis medidas protecionistas inflacionárias, aumento dos riscos geopolíticos (como uma nova guerra comercial com a China) e reduções fiscais. Por exemplo, estrategistas cambiais do Deutsche Bank sugeriram que a reeleição de Trump poderia levar o par EUR/USD à paridade. Portanto, os traders estão reagindo de forma intensa aos acontecimentos mais marcantes da campanha eleitoral.
Hoje, surgiram relatos de que Joe Biden está considerando se retirar da eleição, possivelmente ainda neste fim de semana, segundo democratas de alto escalão informaram à Axios sob condição de anonimato. Eles afirmam que, em reuniões privadas, o candidato democrata está enfrentando uma crescente pressão e números de pesquisas desanimadores, o que torna sua continuidade na campanha praticamente impossível. Além disso, foi revelado ontem que Biden testou positivo para COVID-19, complicando ainda mais sua já difícil situação. Em resposta a essas notícias, o índice do dólar americano subiu de 103,36 para 103,72.
Consequentemente, o euro enfrentou pressão, especialmente entre os "hawks", desapontados com os resultados da reunião de julho do BCE, embora a possibilidade de cortes de taxa em setembro ainda esteja em aberto. Enquanto isso, o dólar está em alta devido ao aumento do sentimento de aversão ao risco. O mercado começa a antecipar gradualmente que Donald Trump provavelmente será o próximo presidente dos EUA — mesmo se Biden desistir da corrida presidencial, o que, segundo alguns especialistas, poderia fortalecer ainda mais as chances do republicano.
Nesse contexto, a situação para o par EUR/USD permanece incerta, com o mercado reagindo rapidamente ao "fator BCE", enquanto os fundamentos políticos são geralmente de curta duração. Portanto, é aconselhável confiar nos sinais técnicos. Observa-se que, apesar do impulso de baixa, os vendedores de EUR/USD não conseguiram consolidar abaixo do suporte em 1,0910 (linha média das Bandas de Bollinger no gráfico de quatro horas). Se não conseguirem alcançar a próxima barreira de preço em 1,0870 (linha Tenkan-sen no gráfico diário) em breve (dentro de um dia), o par pode permanecer próximo ao nível 1,09, com os compradores retomando a iniciativa. O próximo alvo para eles seria modesto, mas alcançável, em torno de 1,0950 (linha superior das Bandas de Bollinger no gráfico de quatro horas).