O euro está em dificuldades.

Os rumores sobre a renúncia do presidente francês desencadearam uma nova onda de vendas de ativos europeus, levando à retomada do movimento de queda do EUR/USD. No entanto, Emmanuel Macron os refutou, destacando que são as leis, e não o clamor público, que determinam os acontecimentos políticos. Mesmo assim, os os investidores que estavam apostando na queda dos preços (os ursos) já estavam agindo ou tomando medidas para lucrar com essa expectativa de baixa. Eles se aproveitaram do fato de que o diferencial de rendimento entre os títulos franceses e alemães, um indicador-chave do risco político na zona do euro, atingiu níveis sem precedentes desde março de 2020.

Dinâmica do diferencial de rendimento entre os títulos franceses e alemães.

As pesquisas de opinião indicam que o partido de Marine Le Pen pode se tornar o maior na Assembleia Nacional pela primeira vez na história. Trinta e quatro por cento dos entrevistados preferem esse partido, em comparação com 19% que estão prontos para votar no partido Renaissance de Emmanuel Macron. Se os eurocéticos formarem um governo, problemas podem surgir. Embora suas demandas estejam distantes do que foi proposto em 2012 e 2017, é provável que haja contradições com a União Europeia. E ninguém quer enfrentar esses riscos. Não é surpreendente que o EUR/USD esteja sendo vendido.

Se os apelos de Emmanuel Macron pela unidade e reformas europeias funcionaram no passado, agora os franceses estão preocupados com a alta inflação, os fluxos de refugiados do Leste Europeu e os problemas de segurança associados a eles.

Os resultados dos partidos franceses nas eleições.

O euro pode encontrar suporte na hesitação da maioria das autoridades do BCE em reduzir a taxa de depósito em julho. Christine Lagarde afirmou que a batalha contra a inflação ainda está em curso. O principal membro "dovish" do Conselho do BCE, François Villeroy de Galhau, acredita que o BCE não deve demorar ou adiar decisões sobre a flexibilização da política monetária. Não há espaço para pressa ou procrastinação. Tudo dependerá dos dados disponíveis.

Além disso, no contexto do drama político que se desenrola na França, outro fator de pressão sobre o EUR/USD é o relatório sobre a inflação americana de maio. Se houver uma aceleração nos preços ao consumidor, as autoridades do FOMC provavelmente indicarão apenas uma redução nas previsões da taxa de fundos federais. Por outro lado, uma desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) pode abrir caminho para dois cortes nas taxas pelo Fed em 2024, com o primeiro provavelmente ocorrendo em setembro. No primeiro cenário, os investidores tenderão a buscar o dólar americano. No segundo, eles podem começar a vendê-lo, o que beneficiaria os "touros" no principal par de moedas.

Se os temores se espalharem para o mercado acionário americano, uma correção no S&P 500 pode pressionar o EUR/USD para baixo. Nesse cenário, o euro corre o risco de cair abaixo de US$ 1,07, possivelmente antes mesmo da divulgação das estatísticas sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos em maio.

Do ponto de vista técnico, a tendência de baixa continua no gráfico diário do EUR/USD. Continuamos concentrados na venda e na construção de posições de venda já estabelecidas nos níveis de 1,085 e 1,079. Os alvos permanecem em 1,06 e 1,05. Por que abandonar uma estratégia que está dando certo?