Na terça-feira, os mercados asiáticos, e os preços do ouro permaneceram em uma faixa estreita em meio a temores de aumentos nas taxas de juros de longo prazo. A ausência de sinais de negociação também se deveu a um feriado no mercado americano.
O ouro demonstrou algum fortalecimento, atingindo a marca de US$ 2.000 por onça, depois de se recuperar de uma baixa de dois meses nas duas últimas sessões de negociação. Entretanto, as flutuações atuais dos preços do ouro ainda estão ocorrendo dentro da faixa de US$ 2.000 a US$ 2.050, que foi estabelecida para a maior parte de 2024.
Os preços do ouro à vista aumentaram ligeiramente em 0,1%, para US$ 2.019,17 por onça, enquanto o preço dos contratos futuros de ouro com vencimento em abril ficou em US$ 2.030,20 por onça, às 23h34, horário do leste dos EUA.
Os analistas do Citibank destacam três catalisadores principais que podem elevar os preços do ouro para US$ 3.000 por onça e do petróleo para US$ 100 por barril nos próximos 12 a 18 meses. Entre eles estão um aumento acentuado nas compras de ouro pelos bancos centrais, estagflação e uma profunda recessão global. Atualmente, o ouro está sendo negociado em torno da marca de US$ 2.016 e poderia subir aproximadamente 50% caso qualquer um desses cenários se concretizasse.
Os analistas apontam a desdolarização nos bancos centrais dos países em desenvolvimento como o caminho mais provável para atingir US$ 3.000 por onça de ouro. Isso levaria a uma duplicação das compras de ouro pelos bancos centrais e mudaria o foco da demanda de joias para o ouro como o principal impulsionador.
As compras de ouro pelos bancos centrais atingiram níveis recordes nos últimos anos, com o objetivo de diversificar suas reservas e reduzir o risco de crédito. Liderando essa tendência estão os bancos centrais da China e da Rússia, bem como da Índia, Turquia e Brasil, que estão aumentando ativamente suas compras de barras de ouro. De acordo com o World Gold Council, os bancos centrais globais mantiveram um nível de compras líquidas de ouro superior a 1.000 toneladas por dois anos consecutivos.
No contexto de uma recessão global, uma profunda desaceleração econômica poderia forçar o Federal Reserve dos Estados Unidos a reduzir drasticamente as taxas, o que, por sua vez, poderia ser a razão para os preços do ouro subirem para US$ 3000. Tradicionalmente, o ouro apresenta uma correlação inversa com as taxas de juros, tornando-se um ativo mais atraente em comparação com a renda fixa em um ambiente de taxas baixas.
A estagflação, que combina inflação alta com desaceleração econômica e aumento do desemprego, também poderia desencadear um aumento nos preços do ouro, apesar da baixa probabilidade de tal cenário. O ouro é visto como um porto seguro em períodos de instabilidade econômica, atraindo investidores que buscam evitar riscos.
Além dos fatores acima, o Citi sugere que o cenário básico para o ouro envolve atingir um preço de US$ 2150 por onça no segundo semestre de 2024, com um preço médio esperado um pouco acima de US$ 2000 por onça no primeiro semestre do ano. Os preços recordes podem ser alcançados até o final de 2024.
Embora as tensões geopolíticas no Oriente Médio ofereçam suporte para os preços do ouro, um aumento de preço mais significativo é restringido pela perspectiva de aumento das taxas de juros de longo prazo nos EUA.
Os traders estão diminuindo as expectativas em relação aos cortes iminentes das taxas do Federal Reserve após relatos de alta inflação nos EUA, e as declarações dos funcionários do Fed reforçam as suposições sobre a manutenção de altas taxas de juros por um período mais longo.
A perspectiva para o ouro no futuro próximo permanece incerta, semelhante à situação no mercado de outros metais preciosos. Os preços da platina e da prata mostram um declínio, e o cobre experimenta uma ligeira queda no preço, apesar de uma redução na taxa básica de juros na China, o maior importador do metal.
No contexto do mercado de petróleo, os analistas consideram um cenário em que os preços do petróleo poderiam atingir novamente US$ 100 por barril, considerando os riscos associados a tensões geopolíticas, ações da OPEP+ e possíveis interrupções no fornecimento das principais regiões produtoras de petróleo. As tensões no Oriente Médio, especialmente o conflito entre Israel e o Hamas, e a crescente tensão na fronteira entre Israel e o Líbano destacam os possíveis riscos para os fornecedores de petróleo na região da OPEP+.