O petróleo não hasteará a bandeira branca.

O mercado de petróleo encerrou mais uma semana no vermelho, marcando a segunda consecutiva, devido às preocupações com a demanda global. A China, cuja expectativa era representar mais de 70% do crescimento da demanda de petróleo em 2023, enfrentou um revés inesperado. Sua economia está se recuperando em um ritmo mais lento do que o antecipado, e a expansão monetária está resultando na desvalorização do yuan e na saída de capital dos mercados financeiros do país. Essa situação pressionou o preço do petróleo Brent, porém, os compradores ainda não demonstram intenções de desistir.

Na realidade, a deflação na China não é tão prejudicial para a economia global. Ela atenua o crescimento dos preços em outros países, incluindo os Estados Unidos. Caso fosse diferente, uma nova onda de pressão inflacionária poderia ter levado o Federal Reserve a elevar novamente as taxas de juros, aumentando o risco de recessão na economia norte-americana e impactando negativamente os mercados de commodities.

A situação mudaria caso a deflação na China se associasse a uma estagflação na Europa e a uma desaceleração nos Estados Unidos. Sob tal cenário, poderíamos estar diante de uma crise econômica global, o que teria implicações negativas para a demanda e os preços do petróleo. No entanto, enquanto a zona do euro se mantiver firme e os Estados Unidos resistirem ao aperto monetário agressivo do Federal Reserve, o foco deve permanecer na oferta de petróleo.

Os rumores sobre a Arábia Saudita prolongando seu corte na produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia até o final de outubro, juntamente com a redução gradual da produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos, estão animando os entusiastas do petróleo Brent. O mesmo otimismo se aplica à aproximação da tempestade tropical Idalia das costas do Golfo do México, o que ameaça causar interrupções no fornecimento de energia e potencialmente impactar a produção de petróleo bruto.

Dinâmica da produção de petróleo nos EUA

Por outro lado, a intenção da Turquia de retomar a operação do principal oleoduto iraquiano o mais rápido possível, bem como os rumores sobre a flexibilização das sanções dos EUA contra o Irã e a Venezuela, dão otimismo aos ursos em relação ao petróleo Brent do Mar do Norte. Estes eventos podem aumentar o volume da produção de petróleo.

Entretanto, no panorama geral, o mercado permanece em uma perspectiva otimista. Os prêmios entre os contratos futuros de petróleo próximos e os de prazo mais distante estão aumentando, sinalizando uma demanda elevada ou preocupações quanto ao fornecimento. É importante observar que as recentes declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, enfatizando a solidez da economia dos Estados Unidos, estão trazendo ânimo tanto para o mercado de ações norte-americano quanto para o petróleo Brent. A recuperação em alta do índice S&P 500 indica uma melhora no apetite global por risco, criando um ambiente favorável para o petróleo.

Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do petróleo do Mar do Norte, o movimento corretivo está se aproximando do seu término. Esse movimento foi desencadeado pela formação do padrão 1-2-3. O Brent está adentrando uma fase de consolidação, evidenciada pelas oscilações próximas ao valor justo e pelos frequentes cruzamentos das médias móveis. Nessa conjuntura, a base para uma aquisição de petróleo seria a renovação da alta local em $84,65 por barril. No caso de uma queda, será necessário que ocorra a quebra da zona de convergência situada entre $81,8 e $82,1.