O dólar está em conflito com o petróleo, e o euro está otimista antes da reunião do BCE.

A moeda americana teve que desacelerar um pouco, dando lugar à europeia, que abriu suas asas antes da reunião do Banco Central Europeu. Entretanto, o euro não deveria estar em euforia, e o dólar não deveria ser autoconfiante, acreditam os analistas. Ao mesmo tempo, a dinâmica deste último está em contradição com as cotações do petróleo, causando preocupações sobre o mercado de matérias-primas.

O dólar cedeu parcialmente suas posições na quarta-feira, 20 de julho, permitindo que o euro subisse. Esta última foi reforçada pela próxima reunião do BCE, na qual se espera uma decisão sobre a taxa de juros. De acordo com os economistas do ABN Amro, os mercados esperam que o BCE aumente a taxa básica em 25 bps. Além disso, duas questões importantes serão levantadas na reunião - a continuação da trajetória de aumento das taxas e a consideração de uma nova ferramenta para combater a fragmentação.

O BCE questiona o futuro aumento das taxas de juros, ou seja, em setembro de 2022. Entretanto, o ABN Amro acredita que "o aumento de setembro será um passo de 50 bps" se a previsão de inflação a médio prazo permanecer no mesmo nível. Ao mesmo tempo, no outono e até o final deste ano, é possível um "aumento gradual, mas constante, das taxas" em 25 bps.

A situação atual contribuiu para o crescimento estável do euro, que disparou 1% um dia antes com declarações de que a liderança do BCE discutiria a possibilidade de aumentar a taxa básica em 50 bps de uma só vez. O par EUR/USD estava sendo negociado a 1,0234 na manhã de quarta-feira, 20 de julho, jogando de volta as falhas anteriores. Até hoje, o par ultrapassou o nível psicologicamente importante de 1,0200, aumentando seu crescimento semanal para 1,50%.

De acordo com dados preliminares anunciados pela Reuters, o BCE considerará ambas as opções: aumentar as taxas em 25 bps e 50 bps. Na última reunião, o BCE permitiu que a taxa subisse 25 bps em julho e a possibilidade de novos aumentos em setembro. Entretanto, os participantes do mercado e analistas não descartam um aperto mais agressivo da política monetária em meio a uma inflação em rápido crescimento. Lembramos que no primeiro mês do verão, os preços ao consumidor na zona do euro subiram 8,6% ano a ano depois de ter subido 8,1% em maio.
Os analistas acreditam que seu preço justo joga a favor do euro, enquanto o dólar se torna sobrecomprado. Isto impede que este último cresça e conquiste os próximos picos. A dinâmica do dólar está sob pressão de ser sobrecomprado, enfatizam os especialistas. Na próxima semana, os analistas esperam uma correção da moeda americana, contra a qual os participantes do mercado esperam novas ações do Federal Reserve sobre a taxa. As previsões atuais sobre o aumento da taxa de juros do Fed são a principal força motriz do mercado.

Se houver um aumento no preço do dólar, o setor de matérias-primas está enfrentando as maiores dificuldades. A recente tendência de queda registrada no mercado de hidrocarbonetos demonstra o receio dos investidores de uma possível recessão. Os participantes do mercado temem que a atual retração da economia leve a uma redução na demanda por matérias-primas. Os especialistas consideram o fato de que a maioria das commodities são avaliadas em dólares como outra razão importante para o declínio do mercado de petróleo. Observe que o preço do petróleo de referência Brent atingiu um pico em junho, e em termos de dólar, os preços das matérias-primas aumentaram 59%.

A medida que o dólar americano sobe de preço, o mercado global de commodities também aumenta em valor, aumentando a pressão sobre a demanda. O fortalecimento do dólar não só aumenta o custo da compra de matérias-primas fora dos EUA, mas também incentiva os produtores estrangeiros a venderem estoques. A razão é que, após a conversão de dólares em moedas nacionais, a renda dos produtores de petróleo está crescendo de forma constante.

O rápido aumento da moeda americana pode derrubar o mercado de hidrocarbonetos, acreditam os especialistas. O atual conflito entre o USD e o setor de commodities é uma confirmação desta difícil relação. Segundo os analistas, a correlação entre o dólar e o petróleo sempre foi acompanhada de dificuldades. Tais discordâncias exercem uma pressão significativa sobre a demanda. De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), um dólar forte, combinado com preços recorde de combustíveis, está ajudando a reduzir a demanda nos países em desenvolvimento.