Na quarta-feira, o dólar americano tentou não cair, mas sem sucesso. Na sessão americana, voltou a cair e quebrou a marca de 92. O índice do dólar está se aproximando de uma borda perigosa. Se os vendedores conseguirem empurrá-lo para o valor de 91,75, um nível importante de suporte técnico de longo prazo, isso será seguido por uma queda acentuada e rápida. Vale a pena considerar que o próximo nível de suporte de longo prazo é a mínima de 2018 em 88,25.
O dólar está sofrendo perdas à medida que o progresso no desenvolvimento de novas vacinas e as expectativas de estímulo fiscal nos EUA instilam o apetite pelo risco nos investidores. Espera-se que o dólar continue caindo também porque a ex-presidente do Fed, Janet Yellen, pode se tornar a próxima secretária do Tesouro dos EUA. Assim, os mercados dão boas-vindas ao retorno à estabilidade.
Quanto às perspectivas futuras, a eleição de Joe Biden como presidente e a possível nomeação de Yellen como chefe do Departamento Financeiro podem jogar a favor da moeda americana. Se a equipe de Trump criou o caos em torno do dólar, espera-se que a política do novo governo em relação ao dólar seja mais previsível e positiva. De Clinton a Obama, as autoridades mantiveram a posição de um dólar forte, considerando-o como um reflexo da solidez da economia do país. Donald Trump ameaçou repetidamente intervir contra o fortalecimento do dólar e assumiu a posição oposta depois de um tempo.
Janet Yellen deve restaurar a clareza na política do dólar e estabilizar o mercado de câmbio. Mas, primeiro, o futuro Secretário do Tesouro e o novo Presidente dos Estados Unidos precisarão de tempo para combater a pandemia e reparar os danos econômicos dela decorrentes.
O Ministro das Finanças é tradicionalmente responsável pela política do dólar. Mas com Trump, essa estrutura foi apagada. Além disso, o governo mostrou menos compromisso com um dólar forte por causa da obsessão do presidente com o déficit comercial dos Estados Unidos.
O ex-secretário do Tesouro Larry Summers afirma que é hora de o país voltar à política tradicional de dólar forte.
Observe que quaisquer mudanças na política cambial ocorrerão quando os mercados aumentarem a opinião de que o dólar está entrando em uma longa fase de queda.
O índice do dólar caiu mais de 11%. Os ursos do dólar foram encorajados pela expectativa de que o Fed manterá as taxas perto de zero por muitos anos. Além disso, a demanda pelo dólar vai enfraquecer, considerando os fortes resultados dos testes de vacinas contra o coronavírus.
De acordo com estrategistas do Standard Bank, "Considerando que o dólar caiu ainda mais durante a presidência de Biden, a questão da política monetária dos EUA será importante. Além disso, a era de quase total ausência de intervenção cambial por parte dos países desenvolvidos também pode terminar em breve".
A tendência de taxas baixas pode continuar, devo dizer. Yellen elogiou a política do atual chefe do regulador, Jerome Powell, que prevê um longo período de taxas baixas e amplia os gastos do governo.
Traders aguardam uma ação decisiva em relação ao dólar. No entanto, nem todos concordam que Janet Yellen fará declarações fortes sobre a política cambial, já que a atenção estará voltada para os problemas internos da economia - isso é mais importante no momento.
Seja como for, o ex-chefe do Fed pode impedir a perda de confiança na moeda de reserva. Ela se voltará para a "velha doutrina Rubin", segundo a qual um dólar forte é do interesse dos Estados Unidos. O financiador pode repetir a promessa do G7 de que as taxas de câmbio devem ser determinadas pelo mercado. Ela será capaz de encontrar uma saída da situação e impedir a perda do domínio mundial do dólar. Yellen consegue animar os mercados e acabar com a confusão em torno da moeda nacional dos EUA.
Especialistas do Commerzbank acreditam que "Yellen realmente é um bálsamo para as almas de todos aqueles que sofreram como resultado da política caótica do dólar do governo anterior nos últimos quatro anos."